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sexta-feira, 29 de março de 2013

88 - Camões:Alma minha gentil, que te partiste; Paulinho Pedra Azul - Bem te vi

Hoje, sexta-feira santa, lembrei que alguns amores nunca morrem. Camões lembra da mulher amada que morreu "Alma minha gentil que te partiste, tão cedo dessa vida descontente", mas por quem ainda o amor que sente é tão grande que termina o poema com um pedido: "Roga a Deus, que teus anos encurtou, Que tão cedo de cá me leve a ver-te, Quão cedo de meus olhos te levou." Já Paulinho Pedra Azul também lembra, agora em música, de um grande amor de quem também foi separado pela morte... "Bem te quis, bem te quis, E ainda quero muito mais". Mas o desejo não é de acompanhá-la, mas de vê-la uma última vez que seja: "Me beije só mais uma vez, Depois volte pra lá." Perder um amor para a morte (Nunca mais, como diz Poe em O Corvo) deve ser uma sensação devastadora. Mas será que perder um amor para a morte é mais doído que perder um amor para a vida?

Luis de Camões

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algúa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.


Paulinho Pedra Azul - Bem te vi

Bem te vi, bem te vi
Andar por um jardim em flor
Chamando os bichos de amor
Tua boca pingava mel
Bem te quis, bem te quis
E ainda quero muito mais
Maior que a imensidão da paz
Bem maior que o sol
Onde estás?
Voei por este céu azul
Andei estradas do além
Onde estará meu bem?
Onde estás?
Nas nuvens ou na insensatez
Me beije só mais uma vez
Depois volte prá lá.

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