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quinta-feira, 28 de março de 2013

87 - Frederico Garcia Lorca: Se as minhas mãos pudessem desfolhar; Nana Caymmi - Resposta ao tempo

Lorca pensando sobre o amor que se deixou no tempo, e em cujo nome pensamos nas noites escuras. O nome começa a soar cada vez mais distante. Desejando não perder o sentimento desse amor, Lorca pergunta-se "Amar-te-ei como então alguma vez? Que culpa tem meu coração?", como a culpar-se por começar a se desvencilhar de um amor que se queria pra sempre... E pensa no que virá "Se a névoa se esfuma, que outra paixão me espera?" Será que outra paixão poderá tomar o lugar da que se quis tanto?
A resposta para isso provavelmente está no tempo, só ele poderá dizer, E dada por Nana Caymmi em "Resposta ao tempo"... essa letra tem que ser lida algumas vezes... e refletida.

Frederico Garcia Lorca 
Se as minhas mãos pudessem desfolhar

Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!

Nana Caymmi - Resposta ao tempo

Batidas na porta da frente
É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Prá ter argumento
Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba
Do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei
Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há folhas no meu coração
É o tempo
Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei
E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos
Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto
E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer
Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto
E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer


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