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sábado, 31 de agosto de 2013

223 - Cecília Meireles - Assovio; GeorgeHarrison - My sweet lord

Cecília Meireles - Assovio

Ninguém abra a sua porta
para ver que aconteceu:
saímos de braço dado,
a noite escura mais eu.

Ela não sabe o meu rumo,
eu não lhe pergunto o seu:
não posso perder mais nada,
se o que houve já se perdeu.

Vou pelo braço da noite,
levando tudo que é meu:
- a dor que os homens me deram,
e a canção que Deus me deu.


My sweet Lord
Hm, my Lord
Hm, my Lord
I really want to see you
Really want to be with you
Really want to see you, Lord
But it takes so long, my Lord
My sweet Lord
Hm, my Lord
Hm, my Lord
I really want to know you
Really want to go with you
Really want to show you Lord
BUt it won't take long, my Lord (hallelujah)
My sweet Lord (hallelujah)
Hm, my Lord (hallelujah)
My sweet Lord (hallelujah)
Really want to see you
Really want to see you
Really want to see you Lord
Really want to see you Lord
But it takes so long, my Lord (hallelujah)
My sweet Lord (hallelujah)
Hm, my Lord (hallelujah)
My, my, my Lord (hallelujah)
I really want to know you (hallelujah)
Really want to go with you (hallelujah)
Really want to show you Lord(AhhhAhhhh)
But it won't take long, my Lord (hallelujah)
Hm, hm (hallelujah)
My sweet Lord (hallelujah)
My, my, my Lord (hallelujah)
Hm, my Lord (hare krishna)
My, my, my Lord (hare krishna)
Hm, my sweet Lord (krishna krishna)
Hm, hm (hare hare)
Really want to see you (hare Rama)
Really want to be with you (hare Rama)
Really want to see you, Lord (AhhhAhhhh)
But it takes so long, my Lord (hallelujah)
Hm, my Lord (hallelujah)
My, my, my Lord (hare krishna)
My sweet Lord (hare krishna)
My sweet Lord (krishna krishna)
My Lord (hare hare)
Hm, hm (Gurur Brahma)
Hm, hm (Gurur Vishnu)
Hm, hm (Gurur Devo)
Hm, hm (Maheshwara)
My sweet Lord (Gurur Sakshaat)
My sweet Lord (Parabrahma)
My, my, my, my Lord (Tasmayi Shree)
My, my, my, my Lord (Guruve Namah)
My sweet Lord (Hare Rama)
[Fade:]

(Hare krishna)
My sweet Lord (hare krishna)
My sweet Lord (krishna krishna)
My Lord (hare hare)

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

222 - Lorca - É verdade; Maria Betânia – Trocando em miúdos

Lorca com a tristeza do querer. Betânia resolve essa tristeza, quando resolve tudo abandonar.

Lorca - É verdade

Ai, quanto trabalho me dá
Querer-te como eu quero!

Por que teu amor me dói o ar.
O coração
E o chapéu.

Quem compraria de mim
Este cinteiro que tenho
E esta tristeza de fio
Branco, para fazer lenços?

Ai, quanto trabalho me dá
Querer-te como eu quero!


Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu

Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

221 - Fernando Pessoa: Quem me roubou quem nunca fui e a vida?; Vinícius de Moraes e Chico Buarque - Valsinha

Pessoa refletindo sobre o que é e o que queria ter sido... E Chico fala que “um dia ele chegou tão diferente...”

Fernando Pessoa

Quem me roubou quem nunca fui e a vida?
Quem, de dentro de mim, é que a roubou?
Quem ao ser que conheço por quem sou
Me trouxe, em estratagemas de descida?

Onde me encontro nada me convida.
Onde me eu trouxe nada me chamou.
Desperto: este lugar em que me estou,
Se é abismo ou cume, onde estão vinda ou ida?

Quem, guiando por mim meus passos dados,
Entre sombras e muros que me deu
A súbita fusão dos mudos fados?

Quem sou, que assim que me caminhei sem eu,
Quem são, que assim me deram aos bocados
À reunião em que acordo e não sou meu?


Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu, e o dia amanheceu em paz

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

220 - Lorca - Encontro; Vinícius de Moraes e Carlinhos Lira – Minha Namorada

O que poderia ter sido, mas não foi... mas que linda namorada você poderia ser...

Lorca - Encontro

Nem tu nem eu estamos
em condição
de nos encontrarmos,
tu...pelo que já sabes.
Eu o quis tanto!
Segue essa veredinha.
Nas mãos
tenho os furos
dos cravos.
Não vês como estou
dessangrando?
Não olhes nunca para trás,
vai devagar
e reza como eu
a São Caetano,
que nem tu nem eu estamos,
em condição
de nos encontrarmos.


Meu poeta eu hoje estou contente
Todo mundo de repente ficou lindo
Ficou lindo de morrer
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de que
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você
Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque

E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem de ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois

domingo, 25 de agosto de 2013

219 - Fernando Pessoa: Sim, sei bem; Andrea Bocelli &Heather Headley – The Prayer

Fernando Pessoa

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.


I pray you'll be our eyes, and watch us where we go,
And help us to be wise, in times when we don't know
Let this be our prayer, when we lose our way
Lead us to a place, guide us with your grace
To a place where we'll be safe...
La luce che tu dai
I pray we'll find your light
Nel cuore resterà
And hold it in our hearts
A ricordarci che
When stars go out each night
L'eterna stella sei
Nella mia preghiera
Let this be our prayer
Quanta fede c'è
When shadows fill our day
Lead us to a place
Guide us with your grace
Give us faith so we'll be safe
Sognamo un mondo senza più violenza
Un mondo di giuztizia e di speranza
Ognuno dia la mano al suo vicino
Simbolo de pace e di fraternità
La forza che ci dai
We ask that life be kind
E' il desierio che
And watch us from above
Ognuno trovi amor
We hope each soul will find
Intorno e dentro a sé
Another soul to love
Let this be our prayer
Let this be our prayer
Just like every child
Just like every child
Need to find a place, guide us with your grace
Give us faith so we'll be safe
E la fede che
Hai acceso in noi
Sento che ci salverà

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

218 - Pablo Neruda: Não te toque a noite; Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Zé Ramalho– Ai que saudade d’ocê

Neruda fala do “coração recordando tua boca”. Isso dá uma “saudade d’ocê...”

Pablo Neruda

NÃO TE TOQUE a noite nem o ar nem a aurora,
sê a terra, a virtude dos cachos,
as maçãs que crescem ouvindo a água pura,
o barro e as resinas de teu país fragrante.

Desde Quinchamalí onde fizeram teus olhos
aos teus pés criados para mim na Fronteira
és a greda escura que conheço:
em teus quadris toco de novo todo o trigo.

Talvez tu não saibas, araucana,
que quando antes de amar-te me esqueci de teus beijos
meu coração ficou recordando tua boca

e fui como um ferido pelas ruas
até que compreendi que havia encontrado
amor, meu território de beijos e vulcões.


Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê
Se um dia ocê se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim:
"faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Te mando um monte de beijo
Ai que saudade sem fim"

E se quiser recordar
Aquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Você caia no choro
Vou chorando pela estrada
Mas, o que eu posso fazer ?
Trabalhar é minha sina
Eu gosto mesmo é de ocê.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

217 - Fernando Pessoa No meu sonho estiolaram; Celtic Woman: Panis angelicus

Fernando Pessoa

No meu sonho estiolaram
As maravilhas de ali,
No meu coração secaram
As lágrimas que sofri.
Mas os que amei não acharam:
Quem eu era, se era em si,
E a sombra veio e notaram
Quem fui e nunca senti.


Panis angelicus
Fit panis hominum;
Dat panis coelicus
Figuris terminum
O res mirabilis!
Manducat Dominum
Pauper, pauper,
Servus et humilis.
Pauper, pauper,
Servus et humilis.

Panis angelicus
Fit panis hominum;
Dat panis coelicus
Figuris terminum
O res mirabilis!
Manducat Dominum
Pauper, pauper,
Servus et humilis.
Pauper, pauper,
Servus, servus et humilis.

Pão dos Anjos

Pão dos Anjos
Torne-se o pão dos homens;
O pão do paraíso
Fim de toda dúvida
Que maravilha!
Que consome a Deus
Pobre, pobre,
Humilde servo
Pobre, pobre,
Humilde servo.

Pão dos Anjos
Torne-se o pão dos homens;
O pão do paraíso
Fim de toda dúvida
Que maravilha!
Que consome a Deus
Pobre, pobre,
Humilde servo
Pobre, pobre,

Humilde servo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

216 - Cecília Meireles - Motivo; Renato Russo e Zélia Duncan – Cathedral

Cecília Meireles - Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.


I saw from the cathedral
You were watching me
And I saw from the cathedral
What I should be

So take my lies
And take my time
Cause all the others, they wanna take my life

And I watch, with an intent, basic
It's the same for you
You hold your hand
And it's all fine - laced and
Would you make me do

So take My lies
And take my time
Cause all the others, they wanna take my life

Serious for the winter time
To wrench my soul
Whole cotton whole cotton ears
But I know there must be
Yes, I know there must be
Yes, I know there must be a place to go

Yes you saw me, from the cathedral
Well, I'm an ancient heart
Yes, you saw me from the cathedral
And here we are just falling apart

You catch me
I am tired
I want all that you are

And I saw from the cathedral
You were leaving me
And I saw from the cathedral
Could not see to see

So take my time
And take my lies


Canção da catedral

Eu vi, da catedral,
Você estava me observando.
E eu vi, da catedral,
O que eu devia ser.

Então tome minhas mentiras,
E tome meu tempo,
Pois todos os outros querem tirar minha vida.

E eu observo, com uma intenção, básica,
É o mesmo com você.
Você estende sua mão
E está tudo bem - atado e
O que você me obrigaria fazer?

Então tome minhas mentiras,
E tome meu tempo,
Pois todos os outros querem tirar minha vida.

Séria para a época de inverno
Arrancar minha alma.
Toda de algodão, orelhas todas de algodão.
Mas eu sei que deve haver,
Sim, eu sei que deve haver,
Sim, eu sei que deve haver um lugar para ir.

Você me viu, da catedral.
Bem, eu tenho um coração antigo.
Sim, você me viu, da catedral.
Bem, aqui estamos nós, só caindo aos pedaços.

Você me segura,
Eu estou cansada.
Eu quero tudo que você é.

E eu vi, da catedral,
Você estava me deixando
E eu vi, da catedral,
Não foi possível ver para crer

Então tome meu tempo,

E tome minhas mentiras

sábado, 10 de agosto de 2013

215 - Drummond: Amar o perdido; Freddie Mercury: Time

Drummond lembra que as coisas findas ficarão, embora, como canta Freddie, o tempo não espere por ninguém.

Drummond

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.



Time waits for nobody
Tempo não espera por ninguém
We all must plan our hopes together
Todos nós devemos planejar as nossas esperanças em conjunto
Or we'll have no more future at all
Ou teremos futuro não mais em todos os
Time waits for nobody
Tempo não espera por ninguém
We might as well be deaf and dumb and blind
Podemos muito bem ser surdo e mudo e cego
I know that sounds unkind
Eu sei que soa indelicada
But it seems to me we've not listened to
Mas parece-me que não tenho escutado
Or spoken about it at all
Ou falado sobre isso em todos os
The fact that time is running out for us all
O fato de que o tempo está acabando para todos nós
Time waits for nobody
Tempo não espera por ninguém
Time waits for no-one
Tempo não espera por ninguém
We've got to build this world together
Nós temos que construir esse mundo juntos
Or we'll have no more future at all
Ou teremos futuro não mais em todos os
Because time - it waits for nobody
Porque o tempo - ele espera por ninguém
You don't need me to tell you what's gone wrong (gone wrong gonewrong)
Você não precisa me dizer o que deu errado (embora gonewrong errado)
You know what's going on
Você sabe o que está acontecendo
But it seems to me we've not cared enough
Mas parece-me que não me importei o suficiente
Or confided in each other at all (confided in each other atall)
Ou confidenciou um no outro em tudo (confidenciou em cada atall outros)
It seems that we've all got our backs against the wall
Parece que todos temos nossas costas contra a parede
(Time) Time waits for nobody
(Time) O tempo não espera por ninguém
(Time) waits for no-one
(Time) espera por ninguém
We've got to trust in one another
Nós temos que confiar um no outro
Or there'll be no more future at all
Ou não haverá mais futuro em todos os
(Time)
(Time)
Yeah - Time waits for nobody
Sim - O tempo não espera por ninguém
No no - Time don't wait for no-one
Não, não - Time não espere por ninguém
Let's learn to be friends with one another
Vamos aprender a ser amigos uns com os outros
Or there'll be no more future at all
Ou não haverá mais futuro em todos os
Time (time) time (time) waits for nobody waits for nobody
Tempo (tempo) (tempo) espera por ninguém espera por ninguém
Time time time time waits for nobody at all
Tempo tempo tempo tempo não espera por ninguém em todos os
Time waits for nobody - yeah
Tempo não espera por ninguém - yeah
Time don't wait - waits for no-one
Tempo não espera - espera por ninguém
Let us free this world for ever
Vamos nos libertar deste mundo para sempre
And build a brand new future for us all
E construir um futuro novo para todos nós
Time waits for nobody nobody nobody
Tempo não espera por ninguém ninguém ninguém
For no-one
Para ninguém

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

214 - Pablo Neruda - Recordarás; Toquinho e Vinícius– Chega de saudade

Neruda comentando sobre as recordações... e Vinícius lembra que é bom recordar, mas que cehga de saudade...

Pablo Neruda

RECORDARÁS aquela quebrada caprichosa
onde os aromas palpitantes subiram,
de quando em quando um pássaro vestido
com água e lentidão: traje de inverno.

Recordarás os dons da terra:
irascível fragrância, barro de ouro,
ervas do mato, loucas raízes,
sortílegos espinhos como espadas.

Recordarás o ramo que trouxeste,
ramo de sombra e água com silêncio,
ramo como uma pedra com espuma.

E aquela vez foi como nunca e sempre:
vamos ali onde não espera nada
e achamos tudo o que está esperando.


Vai minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade
A realidade é que sem ela não há paz
Não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca
Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim
Não há paz
Não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos, e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim

Não quero mais esse negócio de você longe de mim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

213 - Adélia Prado – Casamento; Maria Betânia – Gostoso demais

Adélia Prado fala com muita sensibilidade de compartilhamento, de parceria. O que faz um amor ser “Gostoso demais”.

Adélia Prado – Casamento

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu
É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz

Pensamento viaja
E vai buscar meu bem-querer
Não posso ser feliz, assim
Tem dó de mim
O que é que eu posso fazer

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

212 - Lorca - Canção;Vinícius de Moraes – Para viver um grande amor

Lorca conta a conversa das pombas com a lua e o sol... conversa que só se explica em viver um grande amor.

Lorca - Canção

Pelos ramos do loureiro
vi duas pombas escuras.
Uma delas era o sol,
a outra era a lua.
Vizinhitas, lhes disse eu,
- onde é minha sepultura?
Em minha cauda, o sol disse;
na minha garganta, a lua.
E eu, que ia caminhando
com terra pela cintura,
vi duas águias de neve
e uma rapariga nua.
Uma delas era a outra
e a rapariga nenhuma.
Aguiazinhas, lhes disse eu,
- onde é minha sepultura?
Em minha cauda, o sol disse;
na minha garganta, a lua.
Pelos ramos do loureiro
eu vi duas pombas nuas.
Uma delas era a outra
e as duas eram nenhuma.


Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia
Falado
Para viver um grande amor, preciso
É muita concentração e muito siso
Muita seriedade e pouco riso
Para viver um grande amor
Para viver um grande amor, mister
É ser um homem de uma só mulher
Pois ser de muitas - poxa! - é pra quem quer
Nem tem nenhum valor
Para viver um grande amor, primeiro
É preciso sagrar-se cavalheiro
E ser de sua dama por inteiro
Seja lá como for
Há de fazer do corpo uma morada
Onde clausure-se a mulher amada
E postar-se de fora com uma espada
Para viver um grande amor
Cantado
Eu não ando só,
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia
Falado
Para viver um grande amor direito
Não basta apenas ser um bom sujeito
É preciso também ter muito peito
Peito de remador
É sempre necessário ter em vista
Um crédito de rosas no florista
Muito mais, muito mais que na modista
Para viver um grande amor
Conta ponto saber fazer coisinhas
Ovos mexidos, camarões, sopinhas
Molhos, filés com fritas, comidinhas
Para depois do amor
E o que há de melhor que ir pra cozinha
E preparar com amor uma galinha
Com uma rica e gostosa farofinha
Para o seu grande amor?
Cantado
Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia
Falado
Para viver um grande amor, é muito
Muito importante viver sempre junto
E até ser, se possível, um só defunto
Pra não morrer de dor
É preciso um cuidado permanente
Não só com o corpo, mas também com a mente
Pois qualquer "baixo" seu a amada sente
E esfria um pouco o amor
Há de ser bem cortês sem cortesia
Doce e conciliador sem covardia
Saber ganhar dinheiro com poesia
Não ser um ganhador
Mas tudo isso não adianta nada
Se nesta selva escura e desvairada
Não se souber achar a grande amada
Para viver um grande amor!
Cantado

Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia