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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

31 - Drummond - O seu santo nome; Nouvelle Cuisine e Nat King Cole: Embraceable you

Poesia

Não falemos do amor, não brinquemos com ele... apenas viva.

Drummond – O seu santo nome

Não facilite com a palavra amor. 
Não a jogue no espaço, bolha de sabão. 
Não se inebrie com o seu engalanado som. 
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro). 
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão 
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra 
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra. 
Não a pronuncie.

Música

Nouvelle Cuisine, um grupo brasileiro da década de 80, e Nat King Cole, em duas versões de Embraceable you - quero meus braços em você. 

Embraceable you

Embrace me
My sweet embraceable you
Embrace me
My irreplaceable you
Just to look at you
My heart grows tipsy in me
You and you alone
Bring out the gypsy in me
I love all
The many charms about you
Above all
I want my arms about you
Don't be naughty baby
Come to me
Come to me do
My sweet embraceable you
I love all
The many charms about you
Above all
I want my arms about you
Don't be naughty baby
Come to me
Come to me do
My sweet embraceable you

Abraçável

Abrace-me
Meu doce abraçável
Abrace-me
Meu insubstituível
Olhe só para você
Meu coração fica mais embriagado em mim
Com você e só você
Ressalte a cigana que há em mim
Eu amo todos
Os muitos encantos sobre você
Acima de tudo
Eu quero meus braços sobre você
Não seja impertinente, baby
Venha para mim
Venha sim para mim
Meu doce abraçável
Eu amo todos
Os muitos encantos sobre você
Acima de tudo
Eu quero meus braços sobre você
Não seja impertinente, baby
Venha para mim
Venha sim para mim
Meu doce abraçável

Ouça a música nos links abaixo:

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

30 - Pessoa: Dorme sobre o meu seio; Billie Holiday: Come rain or come shine


Poesia

Fernando Pessoa sonhando de novo, cuidando do seu amor... “sonhando de sonhar ... na ilusão de amar” ... aquele instante em que desejamos parar o tempo.

Dorme sobre o meu seio,
Sonhando de sonhar...
No teu olhar eu leio
Um lúbrico vagar.
Dorme no sonho de existir
E na ilusão de amar.
Tudo é nada, e tudo
Um sonho finge ser.
O 'spaço negro é mudo.
Dorme, e, ao adormecer,
Saibas do coração sorrir
Sorrisos de esquecer.
Dorme sobre o meu seio,
Sem mágoa nem amor...
No teu olhar eu leio
O íntimo torpor
De quem conhece o nada-ser
De vida e gozo e dor.

Música

Billie Holiday interpretando Come rain or come shine – Aconteça o que acontecer, estarei contigo…

Come rain or come shine

I'm gonna love you
Like nobody's loved you
Come rain or come shine
High as a mountain and deep as a river
Come rain or come shine
Well i guess when you met me
That it were just one of those things
Don't you ever bet me
Cause i'm gonna be true if you let me
Oh you're gonna love me
Like nobody's loved me
Come rain or come shine
Happy together unhappy together
Won't that be fine
Day may be cloudy or sunny
We're either in or we're out of our money
I'm with you always
I'm with you rain or shine
You're gonna love me
Like nobody's loved me
Come rain or come shine
Happy together unhappy together
Won't that be fine
Day may be cloudy or sunny
We're in or we're out of our money
I'm with you always
I'm with you rain or shine
Rain or shine
I'm with you always
I'm with you rain or shine

 

Faça Chuva Ou Faça sol


Eu vou te amar
Como ninguém te amou
Faça chuva ou faça sol
Alto como uma montanha e profundamente como um rio
Faça chuva ou faça sol
Bem eu acho que quando você me conheceu
Que fosse apenas uma dessas coisas
Você não aposta em mim
Porque eu serei verdadeiro se você me deixar
Oh você irá me amar
Como ninguém me amou
Faça chuva ou faça sol
Felizes junto, infelizes junto
Isso não seria legal?
O dia pode estar nublado ou ensolarado
A gente com ou sem dinheiro
Eu sempre estou com você
Eu estou com você faça chuva ou faça sol
Você irá me amar
Como ninguém me amou
Faça chuva ou faça sol
Felizes junto infelizes junto
Isso não será legal
O dia pode estar nublado ou ensolarado
A gente com ou sem dinheiro
Eu sempre estou com você
Eu estou com você faça chuva ou faça sol
chuva ou brilhe
Eu sempre estou com você
Eu estou com você faça chuva ou faça sol

Ouça a música no link abaixo:
Billie Holiday: Come rain or come shine

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

29 - Fernando Pessoa: Não é ainda a noite; Etta James: Stormy Weather


Poesia

Retornando a Fernando Pessoa relembrando das angústias que nos acordam na noite... e nos lembrando de sempre buscar. “Que vitórias perdidas por não as ter querido.” Posso até não ter conseguido o que queria, mas nunca mais vou ter arrependimento de não ter tentado, de me arrepender do que não fiz...

Não é ainda a noite
Mas é já frio o céu.
Do vento o ocioso açoite
Envolve o tédio meu.
Que vitórias perdidas
Por não as ter querido!
Quantas perdidas vidas!
E o sonho sem ter sido...
Ergue-te, ó vento, do ermo
Da noite que aparece!
Há um silêncio sem termo
Por trás do que estremece...
Pranto dos sonhos fúteis,
Que a memória acordou,
Inúteis, tão inúteis —
Quem me dirá quem sou?

Música

A beleza incomparável de Etta James em, para mim, sua maior interpretação, imperdível, emocionante - Stormy Weather

Don't know why
There's no sun up in the sky
Stormy weather
Since my man and I ain't together
Keeps raining all of the time
Oh yeah
Life is bad
Gloom and misery everywhere
Stormy weather, stormy weather
And I just can't get my poor self together
Oh I'm weary all of the time
The time, so weary all of the time
When he went away
The blues came in and met me
Oh yeah if he stays away
Old rocking chair's gonna get me
All I do is pray
The Lord will let me
Walk in the sun once more
Oh I can't go on, can't go on, can't go on
Everything I have is gone
Stormy weather, stormy weather
Since my man and I, me and my daddy ain't together
Keeps raining all of the time
Oh, oh, keeps raining all of the time
Oh yeah, yeah, yeah raining all of the time
Stormy, stormy
Stormy weather
Yeah

Tempestade

Eu não sei por quê
Não tem sol lá no céu
Tempestade
Desde que meu homem e eu não estamos juntos
Continua chovendo o tempo todo
Oh yeah
A vida é ruim
Depressão e sofrimento por toda parte
Tempestade, Tempestade
E mal posso me recompor
Oh eu estou cansada o tempo todo
O tempo, tão cansada o tempo todo
Quando ele foi embora
A solidão veio e me pegou
Oh yeah se ele continuar longe
A velha cadeira de balanço vai me pegar
Tudo que eu faço é rezar
O Senhor irá me deixar
Andar no sol mais uma vez
Oh eu não posso continuar, não posso continuar, não posso continuar
Tudo que eu tenho já se foi
Tempestade, Tempestade
Desde que meu homem e eu, eu e meu papai não estamos juntos
Continua chovendo o tempo todo
Oh, oh, continua chovendo o tempo todo
Oh yeah, yeah, yeah chovendo o tempo todo
Tempestade, Tempestade
Tempestade, Tempestade
É

Ouça a música no link abaixo:

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

28 - Marcelo: Em ti encontrei a beleza das coisas simples; Rod Stewart: These foolish things

Vi no face essa postagem de um namorado que perdeu a namorada no incêndio na boite em Santa Maria. No meio de tantas mensagens moralistas e acusações de quem nessa hora vira juiz, essa foi a mensagem que me tocou. Porque me dá pavor essa sensação de perda.

"Hoje poderia ser só mais um domingo normal para mim. Eu passaria o dia inteiro com a minha namorada ou na casa dela ou na minha assistindo um filme qualquer, mas isso não vai acontecer. Minha namorada é uma das pessoas mortas que foi encontrada na boate. Nós brigamos e ela preferiu ir pra lá com as amigas dela. Eu não me preocupei, sabia que ela me ligaria no dia seguinte e me diria que se arrependeu de ter saído sem mim, mas hoje o telefone tocou inúmeras vezes e não era ela. Ainda não caiu a ficha pra mim, ainda não entendi o que aconteceu. Parece que a qualquer minuto o meu telefone vai tocar e vai ser ela do outro lado da linha me dizendo "você ainda esta bravo comigo?" Enquanto eu escrevo esse texto o meu coração aperta, meus olhos se enchem de lágrimas e o medo do amanhã toma conta de mim. Como eu queria que eu estar ali com ela, ou então, que eu tivesse pedido para ela não ir. Eu a perdi pra sempre, e nem ao menos disse a ela o quanto eu a amo e o quanto minha vida fica deserta sem ela por perto. Hoje é um dia triste pra mim. Hoje é o dia em que eu perdi a parte mais importante de mim, o meu coração."

Vinícius inicia seu texto “A solidão” com a seguinte passagem “Sequioso de escrever um poema que exprimisse a maior dor do mundo, Poe chegou, por exclusão, à idéia da morte da mulher amada. Nada lhe pareceu mais definitivamente doloroso. Assim nasceu “O corvo”: o pássaro agoureiro a repetir ao homem sozinho em sua saudade a pungente litania do “nunca mais
                                                                                                            
Esse medo, o “nunca mais”, no caso irremediável, me apavora. Consigo sim imaginar a dor dessa pessoa... Já tive separações não por casos de morte, mas por motivos alheios ao meu controle, quando quem eu amava não quis mais ficar comigo. Mas será que dá pra comparar, a separação e a morte?

Para a morte há o luto. Há o desespero inicial, há a revolta, a sensação de querer buscar razões que não existem. A vida simplesmente acontece. Com o tempo, embora a dor sempre esteja lá, a “irremediabilidade” desse nunca mais acaba por nos envolver.

Para o abandono também deve haver o luto. A diferença é que quando o amor é real, imenso, incontrolável, não há a irremediabilidade do nunca mais. O seu amado está vivo, mas separado não por algo inexorável, mas por um desejo de não mais estar junto: “(...) um ser separado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas”, fala Vinícius no seu texto “Separação”.  Aí viver esse luto passa a ser, para o abandonado, uma tarefa mais difícil do que para o que perdeu seu amor para o inexplicável do mundo; esse luto passa a ser uma questão de aceitar uma morte, mas de tentar aceitar uma morte em vida, de tentar matar um sentimento que está vivo, por alguém que está vivo, perto, mas longe.

Antes que alguém venha me contradizer, acompanhe rapidamente um breve raciocínio. O que será que dói mais, após dez, vinte anos... ter um filho morto ou um filho desaparecido? Do filho morto viveu-se o luto, forte, mas pontual. O filho desaparecido é uma morte em vida... que pai nessa situação não acorda a cada dia pensando “será que hoje a maçaneta da porta vai girar e ele vai entrar por ela”?

O ser abandonado por quem se ama com paixão é, para mim, como a angústia de um filho desaparecido. Quem não passa noites sonhando, embora possa ter consciência intelectual do fim unilateral de um amor, que ela vai amanhecer a seu lado? E ao acordar, sente apenas o frio do travesseiro vazio ao lado? Não falo aqui de amores de verão, mas daquele amor que enche a vida, e que cuja falta que faz com que as rosas colombianas tenham a face dela, que tomar um vinho nunca mais tenha o mesmo gosto, que ouvir Diana Krall cantando “I’ve got you under my skin” te encha de melancolia, que comer chocolates em um casamento tenham um gosto amargo, que um passeio ao zoológico seja algo doído até a alma... As pequenas coisas, as coisas simples.

Então a solução seria não amar? É melhor não arriscar com medo de sofrer? Vinícius, ainda em “Da solidão” mostra que não. O abandonado, o que perdeu seu amor em uma tragédia tem que aprender a ser só... mas mostra que “A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.”

Eu, ao apanhar muito da vida, aprendi o que é importante em uma relação de amor... o que buscar, o que relevar, que o perfeito não existe, que existe apenas a imensa vontade de seguir de mãos dadas, sabendo que a cada instante algo irá querer separar essas mãos, e que amor é esse seguir em frente. Que amar é encontrar alguém em quem se possa confiar, e  como eu já te falei, "que eu possa pensar alto ao lado". Amor não é só beleza, alegria...  é principalmente essa amizade, essa cumplicidade. Quando achar que está amando alguém, as perguntas principais são "será que essa pessoa pode ser o meu melhor amigo? Será que quando eu estiver angustiado, ela é a primeira pessoa em quem eu penso ou preciso procurar uma amiga? Eu posso realmente dividir com ela todas as minhas angústias ou para manter a relação tem coisas que ele não pode saber?" É esse tipo de amor que te ofereci,  e que acredito que você possa oferecer. Tipo de amor só o tempo ensina...  construído em cima de uma amizade que eu invejo profundamente nos raros casais que entendem que ser fiel não é uma questão de obrigação ou de cobrança, mas de querer estar ao lado do outro mesmo podendo estar em qualquer outro lugar.

Ao falar nisso tudo estava pensando em uma pessoa específica, ao ler o depoimento do rapaz fiquei apavorado ao pensar na dor imensa que teria se soubesse que essa pessoa tinha partido pra sempre, e deixado o mundo carente de seu sorriso, do seu jeito apaixonadamente irresponsável, da sua companhia, da sua alegria, das angústias que compartilhei e que espero que se resolvam, apesar dela não estar mais comigo... Alguém que nesses dois anos preencheu a minha vida de alegria e esperança.

Então mesmo sós,  não estamos totalmente sós, temos a lembrança do nosso amor. Doída, machucada, forte, presente, inconsolável... mas a lembrança de um amor. Que o tempo possa fazer com que todos consigam se curar, embora vá doer todo dia...

Pensando nela havia feito um poema que compartilho "Em ti encontrei a beleza das coisas simples" ... o que realmente queremos, o que fica, o que é realmente importante? Não as grandes conquistas, mas as coisas simples do dia a dia... as coisinhas tolas do dia a dia... cozinhar juntos, assistir um filme, passear de mão dadas, estudar juntos, compartilhar angústias, rir, chorar no ombro... o que faz algo realmente valer a pena.

Como esse blog sempre traz também uma música, hoje compartilho Rod Stewart cantando “These foolish things” – essas coisinhas simples me lembram de você.

Se alguém quiser, os textos completos de Vinícius que foram citados anteriormente podem ser encontrados em publicações anteriores nesse blog. Que a cada momento tenhamos a capacidade de lidar com nossas perdas, e mesmo nessa angústia, achar forças para tentar ser, de algum modo, pelo menos um pouco felizes.


Marcelo – Em ti encontrei a beleza das coisas simples

Em ti encontrei a beleza das coisas simples
Que brilham no fundo do seu olhar
Senti alegrias que invadiram a minha alma,
E tristezas que machucaram o coração.

Mas nada é perfeito, menos ainda o amor
Não busco no mundo minha metade ideal,
Mas alguém como você, com defeitos e qualidades
Que juntos com os meus irão se tornar companheiros

Cozinha, música, estudo, segredos,
Zoológico, chácara, risos e choros
Estiveram conosco nesses meses loucos

Não é muito o que espero de ti vida afora,
Apenas a alegria de sua companhia, para juntos
Continuarmos a gozar o prazer das coisas simples


Música

Na interpretação visceral de Rod Stewart, These foolish things – Essas coisinhas simples me lembram de você.

These foolish things

A cigarette that bears a lipstick's traces
An airline ticket to romantic places
And still my heart has wings
These foolish things remind me of you
A tinkling piano in the next apartment
Those stumblin' words that told you what my heart meant
A fairground's painted swings
These foolish things remind me of you
You came, you saw, you conquered me
When you did that to me
I knew somehow this had to be
The winds of March that make my heart a dancer
A telephone that rings but who's to answer?
Oh, how the ghost of you clings
These foolish things remind me of you
The scent of smouldering leaves the wail of steamers
Two lovers on the street who walk like dreamers
Oh how the ghost of you clings
These foolish things
Remind me of you
How strange, how sweet, to find you still
These things are dear to me
They seem to bring you so near to me
The sigh of midnight trains in empty stations
Silk stockings thrown aside dance invitations
Oh how the ghost of you clings
These foolish things
Remind me of you
Remind me of you
Remind me of you

Essas coisas simples

Um cigarro que descobre traços de um batom
Uma passagem aérea para lugares românticos
Ainda assim o meu coração tem asas
Essas coisas simples me lembrar de você.
Um piano tilintando no apartamento ao lado
Aquelas palavras hesitantes
Que lhe disseram o que o meu coração queria
Balanços pintados no parque
Essas coisas simples me lembram de você.
Você veio, você viu, você me conquistou
Quando você fez isso comigo
Eu sabia que de alguma forma isso tinha de ser
Os ventos da marcha que fizeram do meu coração um dançarino
Um telefone que toca, mas quem está tá pra responder
Oh, como o fantasma de você se apega
Essas coisas simples me lembram de você
O cheiro das folhas, o lamento de vapores
Dois amantes na rua que andam como sonhadores
Oh, como o fantasma de você se apega!
Essas coisas loucas me lembram você
Como é estranho como é doce a encontrá-la ainda
Essas coisas são importantes para mim
Eles parecem trazer você para perto de mim
O suspiro de trens da meia-noite nas estações vazias
Meias de seda deixadas de lado convidam a  dançar
Oh, como o fantasma de você se apega!
Essas coisas simples me lembram você.

Ouça a música no link abaixo:

domingo, 27 de janeiro de 2013

27 - Pessoa: Nada sou, nada posso, nada sigo; Tallis: Spem in Alium

Poesia

Fernando Pessoa buscando conforto ... “dorme na sombra, inquieto coração”

Nada sou, nada posso, nada sigo.
Trago, por ilusão, meu ser comigo.
Não compreendo compreender, nem sei
Se hei de ser, sendo nada, o que serei.

Fora disto, que é nada, sob o azul
Do lato céu um vento vão do sul
Acorda-me e estremece no verdor.
Ter razão, ter vitória, ter amor

Murcharam na haste morta da ilusão.
Sonhar é nada e não saber é vão.
Dorme na sombra, incerto coração.

Música

A complexidade e a profundidade de Tallis – Spem in Alium - 40 vozes em um moteto.

Ouça a música no link abaixo:
Tallis - Spem in Alium

sábado, 26 de janeiro de 2013

26 - Pessoa: Ao longe, ao luar; Etta James: At Last


Poesia

Pessoa e a angústia de tornar-se estranho a si mesmo.

Ao longe, ao luar,
No rio uma vela
Serena a passar,
Que é que me revela?

Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.

Que angústia me enlaça?
Que amor não se explica?
É a vela que passa
Na noite que fica.

Música

A beleza e a força de Etta James: At last

At last my love has come along
My lonely days are over
And life is like a song
Ohh yeah yeah
At last
the skies above are blue
My heart was wrapped up in clover
The night I looked at you
I found a dream, that I could speak to
A dream that I can call my own
I found a thrill to press my cheek to
A thrill that I have never known
Ohh yeah yeah…
You smile, you smile
oh And then the spell was cast
And here we are in heaven
For you are mine at last

Até que enfim meu amor chegou
Meus dias solitários acabaram
E a vida é como uma canção
Ohh sim sim
Até que enfim
O céu está azul
Meu coração ficou coberto de tranquilidade
Na noite em que eu olhei pra você
Eu encontrei um sonho, que eu posso dizer
Um sonho que posso chamar de meu
Eu achei um prazer apertar minha bochecha
um prazer que eu nunca havia conhecido
Ohh, sim sim
Você sorriu, você sorriu
E assim o encanto foi lançado
E aqui estamos no céu
Porque você é meu enfim

Ouça a música no link abaixo
Etta James: At Last