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sábado, 9 de março de 2013

68 - Camões: Depois de tantos dias mal gastados; Altemar Dutra e Cauby Peixoto: Brigas


Depois de uma grande série com Fernando Pessoa, passo a variar os poetas... Inicio então com Luis de Camões. Como remediar mortais feridas?  Aquelas que nem o tempo curou, nem a larga ausência? Que bem então devemos esperar do tempo, os desejos tristes?  Aos apaixonados, às vezes resta a esperança retratada por Jair Amorim e Evaldo Gouveia, cantada aqui por Altemar Dutra e Cauby Peixoto: “Veja só, que tolice nós dois, brigarmos tanto assim... se depois, vamos nós a sorrir, trocar de bem no fim.” Mas às vezes nem há briga, e simplesmente se descobre que não há mais (ou não houve) amor... E ficam só os desejos tristes...

Luis de Camões

Depois de tantos dias mal gastados,
Depois de tantas noites mal dormidas,
Depois de tantas lágrimas vertidas,
Tantos suspiros vãos vãmente dados,

Como não sois vós já desenganados,
Desejos, que de cousas esquecidas
Quereis remediar mortais feridas,
Que amor fez sem remédio, o tempo, os Fados?

Se não tivéreis já longa exp'riência
Das sem-razões de Amor a quem servistes,
Fraqueza fora em vós a resistência.

Mas pois por vosso mal seus males vistes,
Que o tempo não curou, nem larga ausência,
Qual bem dele esperais, desejos tristes?

 Altemar Dutra e Cauby Peixoto: Brigas

Veja só
Que tolice nós dois
Brigarmos tanto assim
Se depois
Vamos nós a sorrir
Trocar de bem no fim
Para que maltratarmos o amor
O amor não se maltrata não
Para que se essa gente o que quer
É ver nossa separação
Brigo eu
Você briga também
Por coisas tão banais
E o amor
Em momentos assim
Morre um pouquinho mais
E ao morrer então é que se vê
Que quem morreu fui eu e foi você
Pois sem amor
Estamos sós
Morremos nós

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