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sexta-feira, 8 de março de 2013

67 - Fernando Pessoa: Todas as cartas de amor são ridículas; Ivete, Gil e Caetano: Se eu não te amasse tanto assim


Fernando Pessoa descrevendo suas cartas de amor. Hoje no dia da Mulher, lembrando as cartas que escrevi. Eu escrevi tantas... quem sabe do que falo guarde no coração o que escrevi... Podem e certamente eram ridículas, mas sempre retratavam algo difícil de explicar a não ser pela poesia... é sempre a descrição de um amor... Amor como o cantado por Ivete, Caetano e Gil “Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse o sonho dentro de mim...” 

Todas as cartas de amor são 
Ridículas. 
Não seriam cartas de amor se não fossem 
Ridículas. 
Também escrevi em meu tempo cartas de amor, 
Como as outras, 
Ridículas. 

As cartas de amor, se há amor, 
Têm de ser 
Ridículas. 

Mas, afinal, 
Só as criaturas que nunca escreveram 
Cartas de amor 
É que são 
Ridículas. 

Quem me dera no tempo em que escrevia 
Sem dar por isso 
Cartas de amor 
Ridículas. 

A verdade é que hoje 
As minhas memórias 
Dessas cartas de amor 
É que são 
Ridículas. 

(Todas as palavras esdrúxulas, 
Como os sentimentos esdrúxulos, 
São naturalmente 
Ridículas.)

Ivete, Gil e Caetano: Se eu não te amasse tanto assim

Meu coração, sem direção
Voando só por voar
Sem saber onde chegar
Sonhando em te encontrar
E as estrelas
Que hoje eu descobri
No seu olhar
As estrelas vão me guiar
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração
Hoje eu sei, eu te amei
No vento de um temporal
Mas fui mais, muito além
Do tempo do vendaval
Nos desejos
Num beijo
Que eu jamais provei igual
E as estrelas dão um sinal
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração

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