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segunda-feira, 20 de maio de 2013

141 - Cecília Meireles: Soneto antigo; Oswaldo Montenegro: Lua e flor

Cecília Meireles diz que não responde a perguntas, afinal, “todos somos pura flor do vento.” Flores como canta Oswaldo Montenegro em Lua e flor; “Eu amava como amava um sonhador, sem saber porque". E precisa ter porque?


SONETO ANTIGO

Responder a perguntas não respondo. 
Perguntas impossíveis não pergunto. 
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando. 

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.



Eu amava
Como amava algum cantor
De qualquer clichê
De cabaré, de lua e flor...
E sonhava como a feia
Na vitrine
Como carta
Que se assina em vão...
Eu amava
Como amava um sonhador
Sem saber porquê
E amava ter no coração
A certeza ventilada de poesia
De que o dia, amanhece não...
Eu amava
Como amava um pescador
Que se encanta mais
Com a rede que com o mar
Eu amava, como jamais poderia
Se soubesse como te encontrar...
Eu amava
Como amava algum cantor
De qualquer clichê
De cabaré, de lua e flor...
Eu sonhava como a feia
Na vitrine
Como carta
Que se assina em vão...
Eu amava
Como amava um pescador
Que se encanta mais
Com a rede que com o mar
Eu amava como jamais poderia
Se soubesse como te encontrar...

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