Pesquisar este blog

domingo, 19 de maio de 2013

140 - Paulo Leminski: Razão de ser; Francisco Alves: Feitiço da Vila

Alguns me perguntaram o porque de escrever esse blog. Começou com as lembranças de alguém sempre muito especial. Mas na realidade, a explicação está em Paulo Leminski: “Escrevo. E pronto. ... Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê?” Essa vontade me lembra de Noel Rosa em Feitiço da Vila, na gravação original de Francisco Alves: “Quem nasce lá na vila, nem sequer vacila, em abraçar o samba...”

Paulo Leminski - Razão de ser

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?


Quem nasce lá na Vila
Nem sequer vacila
Ao abraçar o samba
Que faz dançar os galhos,
Do arvoredo e faz a lua,
Nascer mais cedo.
Lá, em Vila Isabel,
Quem é bacharel
Não tem medo de bamba.
São Paulo dá café,
Minas dá leite,
E a Vila Isabel dá samba.
A vila tem um feitiço sem farofa
Sem vela e sem vintém
Que nos faz bem
Tendo nome de princesa
Transformou o samba
Num feitiço descente
Que prende a gente
O sol da Vila é triste
Samba não assiste
Porque a gente implora:
"Sol, pelo amor de Deus,
não vem agora
que as morenas
vão logo embora
Eu sei tudo o que faço
sei por onde passo
paixao nao me aniquila
Mas, tenho que dizer,
modéstia à parte,
meus senhores,
Eu sou da Vila!

Nenhum comentário:

Postar um comentário