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quarta-feira, 10 de abril de 2013

100: Marcelo: Quero tua alma nua; Juca Chaves: A cúmplice; Neruda: Não estejas longe de mim um só dia; Cartola: As rosas não falam

Hoje é a postagem número 100 do Blog. Para marcar a data, dois poemas e duas músicas. O primeiro é a repetição do poema que deu origem ao nome do blog... Quero tua alma nua é a síntese do desejo real por alguém que se ama. Muito mais que o corpo nu, a alma nua é o desejo por um relacionamento que é, ou deveria ser, o sonho de qualquer casal: poder pensar alto ao lado de quem se ama. É triste percebermos que muitas vezes as pessoas abrem seu coração para amigos no bar, mas mantém reservas de seus sonhos e desejos mais reais justo para a pessoa com a qual decidiram compartilhar a vida. Que bom seria se todo grande amor começasse não em um desejo carnal, mas em uma grande, enorme, inabalável amizade. Esse amor que, quando começa, faz com que “o sol exploda suas luzes, e nascem o mundo, a lua e as estrelas”. E nesse momento, toda uma existência se resume, ganha força e sentido. Coitados daqueles que se escondem e não se permitem viver esse sentimento, com medo de sofrer uma separação. Pois, como disse Vinícius, o maior solitário é o ser que não ama... E como definir essa pessoa que queremos para um instante que dure toda uma eternidade? A definição foi feita por Juca Chaves, em uma música também repetida no blog: Cúmplice. “Eu quero uma mulher que seja diferente, de todas que eu já tive, todas tão iguais... que seja minha amiga, amante e confidente, a cúmplice de tudo o que eu fizer a mais...” É esse sentimento que buscamos sempre... e que acontece quando alguns tem a imensa sorte de amar e também serem amados.

Não quero teu corpo nu
Para sobre ele passear minhas mãos,
E com línguas entrelaçadas buscarmos o prazer
Que some como a fumaça doce do incenso
                                           
Quero tua alma nua
Livre de amarras e correntes
Seu riacho percorrendo por entre as árvores
O caminho que leva à paz do meu mar

Nesse momento de encontro
Duas águas se fundem em um infinito desvanecer
Corpos e almas nus, perdidos e achados,

Pronuncio, linda, teu nome
O sol explode suas luzes
E nascem o mundo, a lua e as estrelas.

Juca Chaves: A Cúmplice

Eu quero uma mulher que seja diferente
de todas que eu já tive, de todas tão iguais.
Que seja minha amiga, amante, confidente;
A cúmplice de tudo que eu fizer a mais.
No corpo tenha o Sol, no coração a Lua,
A pele cor de sonho, as formas de maçãs,
A fina transparência, uma elegância nua,
O mágico fascínio, o cheiro das manhãs.
Eu quero uma mulher de coloridos modos,
Que morda os lábios sempre que for me abraçar.
No seu falar provoque o silenciar de todos
E seu silêncio obrigue a me fazer sonhar.
Que saiba receber, que saiba ser bem-vinda,
Que possa dar jeitinho a tudo que fizer,
Que ao sorrir provoque uma covinha linda;
De dia, uma menina; a noite, uma mulher.


Ao achar a pessoa amada, Neruda discorre sobre o sentimento, a vontade de estar com essa pessoa, sempre, a cada momento, porque a presença dela é tão vital quanto o ar que se respira. “Não estejas longe de mim um só dia... que eu cruzarei toda a terra perguntando se voltarás ou se me deixarás morrendo.” Esse sentimento que Neruda coloca tão fortemente, invade o coração dos apaixonados, mesmo quando a paixão por vezes não é correspondida... “O amor é um convite a amar: não é preciso ser aceito para que exista, dizia Afrânio Peixoto” É esse amor que faz tudo valer a pena. E quando não acontece como queríamos, sonhamos... Como cantou o mestre Cartola... “Bate outra vez, com esperanças o meu coração...” mesmo quando a esperança é irreal, bem pequenininha... mas não é para isso que se sonha? Porque no sonho não há limite da realidade... e lá, quem sabe ela, atendendo ao mestre, resolva que “devias vir, para ver os meus olhos tristonhos, e quem sabes sonhavas meus sonhos, por fim.”

Pablo Neruda

NÃO ESTEJAS longe de mim um só dia, porque como,
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.

Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando casa
venha matar ainda meu coração perdido.

Ai que não se quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas pálpebras na ausência:
não te vás por um minuto, bem-amada,

porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo.

 Cartola: As rosas não falam

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão,
Enfim
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim
Queixo-me às rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai
Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim



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