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quarta-feira, 26 de junho de 2013

173 - Lorca - Canção do dia que se vai; Altemar Dutra e Ângela Maria – Gente humilde

Lorca fala sobre o dia e as lembranças, e Chico, el letra sobre melodia de Garoto, fala desse povo simples, que vai apenas vivendo.

Lorca - Canção do dia que se vai

Que trabalho me custa
deixar-te ir, ó dia!
Vais-te cheio de mim,
voltas sem conhecer-me.

Que trabalho me custa
deixar sobre teu peito
possíveis realidades
de impossíveis minutos!

Pela tarde um Perseu
te lima as cadeias,
e foges sobre os montes
ferindo-te os pés.
Não podem seduzir-te
minha carne ou meu pranto,
nem os rios em que
a sesta de ouro dormes.

De Leste para Oeste
levo-te a luz redonda.
Teu fulgor que sustem
minha alma em tensão fina.
De Leste para Oeste,
que trabalho me custa
levar-te com teus pássaros
e teus braços de vento!


Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Como um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a como
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar

São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar

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