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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

228 - Fernando Pessoa: Bem, hoje que estou só e posso ver; Andrea Bocelli e Dulce Pontes – O mare e tu

Fernando Pessoa 

Bem, hoje que estou só e posso ver 
      Com o poder de ver do coração 
Quanto não sou, quanto não posso ser, 
      Quanto se o for, serei em vão, 

Hoje, vou confessar, quero sentir-me 
      Definitivamente ser ninguém, 
E de mim mesmo, altivo, demitir-me 
      Por não ter procedido bem. 

Falhei a tudo, mas sem galhardias, 
      Nada fui, nada ousei e nada fiz, 
Nem colhi nas urtigas dos meus dias 
      A flor de parecer feliz. 

Mas fica sempre, porque o pobre é rico 
      Em qualquer cousa, se procurar bem, 
A grande indiferença com que fico. 
      Escrevo-o para o lembrar bem.


Sentir em nós
Sentir em nós
Uma razão
Para não ficarmos sós
E nesse abraço forte
Sentir o mar,
Na nossa voz,
Chorar como quem sonha
Sempre navegar
Nas velas rubras deste amor
Ao longe a barca louca perde o norte.
Ammore mio
Si nun ce stess'o mare e tu
Nun ce stesse manch'io
Ammore mio
L'ammore esiste quanno nuje
Stamme vicino a Dio
Ammore
No teu olhar
Um espelho de água
A vida a navegar
Por entre o sonho e a mágoa
Sem um adeus sequer.
E mansamente,
Talvez no mar,
Eu feita espuma encontre o sol do teu olhar,
Voga ao de leve, meu amor
Ao longe a barca nua a todo o pano.

Ammore mio
Se nun ce stess'o mare e tu
Nun ce stesse manch'io
Ammore mio
L'amore esiste quanno nuje
Stamme vicino a Dio
Ammore
Ammore mio
Si nun ce stess'o mare e tu
Nun ce stesse manch'io
Ammo re mio
L'amore esiste quanno nuje
Stammo vicino a Dio
Ammore

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