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terça-feira, 2 de julho de 2013

178 - Fernando Pessoa: A lembrada canção; Dick Farney: Não tem solução

Pessoa pede para que o amor renove a canção... e Dick Farney fala de um novo amor
que acontece quando não se esperava...

Fernando Pessoa

A lembrada canção,
Amor, renova agora.
Na noite, olhos fechados, tua voz
Dói-me no coração
Por tudo quanto chora.
Cantas ao pé de mim, e eu estou a sós.
Não, a voz não é tua
Que se ergue e acorda em mim
Murmúrios de saudade e de inconstância,
O luar não vem da lua
Mas do meu ser afim
Ao mito, à mágoa, à ausência e à distância.
Não, não é teu o canto
Que como um astro ao fundo
Da noite imensa do meu coração
Chama em vão, chama tanto...
Quem sou não sei... e o mundo?...
Renova, amor, a antiga e vã canção.
Cantas mais que por ti,
Tua voz é uma ponte
Por onde passa, inúmero, um segredo
Que nunca recebi —
Murmúrio do horizonte,
Água na noite, morte que vem cedo.
Assim, cantas sem que existas.
Ao fim do luar pressinto
Melhores sonhos que estes da ilusão.


Aconteceu um novo amor
Que não podia acontecer
Não era hora de amar
Agora o que vou fazer
Não tem solução
Esse novo amor
Um amor a mais
Me tirou a paz

Eu que esperava nunca mais amar
Não sei o que faço
Com esse amor demais

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