Pesquisar este blog

sábado, 9 de agosto de 2014

460 - Língua de Trapo: Tragédia afrodisíaca



Língua de Trapo: Tragédia afrodisíaca


Fui dar uns esbordeios no Bixiga 
Ver se alguma rapariga 
Se dispunha a um tête-à-tête 
(meu sonho era uma chacrete) 
Mas antes do amor ser consumado 
Quis ter o estômago forrado 
Pra evitar humilhação 
Corri pruma cantina italiana 
Pedi filé a parmegiana 
Com catuaba, arroz e pão 
(para surpresa do garção) 
De quebra um prato de sopa bem morna 
Vinte ovinhos de codorna 
Tudo ao molho vinagrete 
(para encarar o tête-à-tetê) 
Comi mais do que um monge tibetano 
A sobremesa foi tutano 
Pra aumentar minha energia 
Quando eu inda queixava-me da conta 
Lá no hall de entrada aponta 
Um monumento de guria 
(cinco de frente, três de esguia) 
Sem perda de um segundo abordei-a 
Convidando-a pra ceia 
E de pronto ela aceitou 
Com tanta energia armazenada 
Já passei-lhe uma cantada: 
Vamos lá pro meu chatô 
Eu moro num apê em Santo Amaro 
O aluguel de lá é caro 
Mas não tem elevador 
(a escadaria é um suador) 
Então 
ela encarou-me e disse: 
filho 
Não existe empecilho 
Que detenha-nos de amar 
(mandei um táxi parar) 
No interior de um táxi mirim 
Eu resolvi, então, enfim, 
Partir de cara pra ação 
Depois de mordiscar a sua nuca 
Vi que ela usava peruca 
E que seu nome era João 
(nas horas vagas, Conceição...) 
Conceição, eu me lembro muito 
bem, 
Conceição, eu me lembro muito 
bem... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário