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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

25 - Pessoa: Põe-me as mãos nos ombros; Egberto Gismonti: Mágico


Poesia

Retornando a Pessoa, sonhando na busca do que ele é. “Tudo é ilusão...”

Põe-me as mãos nos ombros... 
Beija-me na fronte... 
Minha vida é escombros, 
A minha alma insonte. 

Eu não sei por quê, 
Meu desde onde venho, 
Sou o ser que vê, 
E vê tudo estranho. 

Põe a tua mão 
Sobre o meu cabelo... 
Tudo é ilusão. 
Sonhar é sabe-lo.

Música

Ilusão e mágica.  

Ouça a música no link abaixo:

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

24 - Caio Abreu: Desapego pra sempre; Cássia Eller: Por enquanto

Pensamento


Recebi essa imagem pelo Facebook... fiquei refletindo, achei que vale a pena ocupar o lugar da poesia de hoje.  Desapego pra sempre é tão forte... não acredito em nada pra sempre desse jeito, que não seja algo feito dia a dia... acho que a visão de biólogo, vendo a vida de 70, 80 anos numa escala de 4 bilhões de anos de vida no planeta ajuda a colocar alguns "pra sempre" (o que, 20, 30 anos?) e a nossa própria vida em uma perspectiva sem tanta importância assim. Já parou pra pensar que em mais 100 anos ninguém (ou quase ninguém, lembrem do Niemeyer) vai estar vivo?  Então, o que realmente valem essas pequenas briguinhas, essas certezas, esse orgulho, esses "pra sempre"? Lembro de amores antigos, perdidos pelo mundo, e o “pra sempre” é só a lembrança do que me fez feliz. A gente escolhe o que lembrar... então pra que recordar os momentos ruins? Guarda o que te fez feliz... Então, esquece isso de desapego pra sempre e só procura ser feliz, a gente vive tão pouco... não vale a pena gastar esse tempo com orgulho, ressentimentos... faz o que te faz feliz... e só...

Música

Cássia Eller (saudades do tempo em que cantávamos as operetas do Arthur Meskell na UnB, da viagem que fizemos a Belo Horizonte pra cantar My Fair Lady, como colegas do coro...) Interpretando "Por enquanto", da Legião... “o pra sempre, sempre acaba”.

Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Tá tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber, que o pra sempre, sempre acaba
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém só penso em você
E aí, então, estamos bem
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa
Ouça a música no link abaixo
Cássia Eller: Por enquanto

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

23 - Pessoa: Dorme enquanto eu velo; Carlos Galhardo: Eu sonhei que tu estavas tão linda


Poesia

Fernando Pessoa em cancioneiro, escreve um conjunto de poemas sobre o sonho. Hoje e nos próximos quatro dias, alguns que escolhi dessa sequência de poemas. O de hoje fala sobre o amor que é puro encantamento e devoção... “quero-te para sonho, não para amar...”

Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar. 

A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser. 

Dorme, dorme. dorme,
Vaga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.

Música

Iniciando a série de sonhos, A linda música e letra de Lamartine Babo, na voz de Carlos Galhardo: 

Eu sonhei que tu estavas tão linda.

Eu sonhei que tu estavas tão linda
Numa festa de raro esplendor
Teu vestido de baile lembro ainda
Era branco todo branco meu amor
A orquestra tocou uma valsa dolente
Tomei-te aos braços fomos dançando ambos silentes
E os pares que rodeavam entre nós
Trocavam juras diziam coisas a meia voz
Violinos enchiam o ar de emoções
E de ternura uma centena e corações
Pra despertar teu ciúme
Tentei flertar alguém
Mas tu não flertastes ninguém
Olhavas só para mim
Vitórias de amor cantei
Mas foi tudo um sonho acordei

Ouça a música no link abaixo

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

22 - Vinícius: Dialética; Bach: Tocata e fuga em Ré menor

Poesia

Vinícius fala sobre a tristeza que vem de dentro, inexplicável, quando tudo parece estar bem... de onde vem, e por que?

Dialética

É claro que a vida é boa 
E a alegria, a única indizível emoção 
É claro que te acho linda 
Em ti bendigo o amor das coisas simples 
É claro que te amo 
E tenho tudo para ser feliz 
Mas acontece que eu sou triste...

Música

A tocata e fuga em Ré menor, de Bach, tocada em Harpa de copos, por Robert Tiso. Impressionante.

Ouça a música no link abaixo:

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

21 - Neruda: Um sinal teu busco em todas as outras; Dick Farney: Alguém como tu

Poesia

Neruda buscando a mulher que o complete. A busca desesperada... onde estará? Conseguiremos a suprema felicidade de encontrar essa pessoa, e se a encontrarmos, de ela também nos encontrar?

Um sinal teu busco em todas as outras,
no brusco, ondulante rio das mulheres,
tranças, olhos apenas submergidos,
pés claros que resvalam navegando na espuma.
De repente me parece que diviso tuas unhas
oblongas, fugitivas, sobrinhas de uma cerejeira,
e outra vez é teu pelo que passa e me parece
ver arder na água teu retrato de fogueira.
Olhei, mas nenhuma levava teu latejo,
tua luz, a greda escura que trouxeste do bosque,
nenhuma teve tuas mínimas orelhas.
Tu és total e breve, de todas és uma,
e assim contigo vou percorrendo e amando
um amplo Mississipi de estuário feminino.
Música

Retratando a mesma busca, Dick Farney cantando  Alguém como tu.

Alguém como tu
Assim como tu
Eu preciso encontrar

Alguém sempre meu
De olhar como o teu 
Que me faça sonhar
Amores eu sei
Na vida eu achei e perdi
Mas nunca ninguém desejei 
Como desejo a ti
Se tudo acabou
Se o amor já passou 
Há de um sonho ficar
Sozinho estarei
E alguém eu irei
Procurar
Eu sei que outro amor posso ter
E um novo romance viver
Mas sei que também
Assim como tu
Mais ninguém
Assim como tu
Mais ninguém

Ouça a música no link abaixo:

domingo, 20 de janeiro de 2013

20 - Neruda: Antes de amar-te, amor; Fauré: Cantique de Jean Racine

Poesia

Neruda, falando sobre a sensação de descoberta do amor... como essa sensação muda a nossa perspectiva.

Antes de amar-te, amor, nada era meu:
vacilei pelas ruas e coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que esperava.

E conheci salões cinzentos,
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que insistiam na areia.

Tudo estava vazio, morto e mudo,
caído, abandonado e decaído,
tudo era inalienavelmente alheio,

tudo era dos outros e de ninguém,
até que tua beleza e tua pobreza
de dádivas encheram o outono.

Música

A beleza e a melancolia de Fauré - Cantique de Jean Racine... achar um amor tem algo de beleza e a melancolia da tristeza de se saber que um dia se pode perdê-lo...

Ouça a música no link abaixo:

sábado, 19 de janeiro de 2013

19 - Pessoa: Natal; Bach: Ária na corda de Sol

Poesia

Fernando Pessoa, em Natal, discorre sobre a Verdade, a Ciência e a Fé. Quantas vezes vemos brigas entre a Ciência e a Fé... inúteis visto que não são campos opostos, mas complementares. Como apontava Stephen Jay Gould, são “Ministérios não interferentes”: respondem a perguntas diferentes. O melhor posicionamento a esse respeito ainda é, para mim, o de Galileu Galilei, que dizia “Deixem que eu mostre como é o céu e que a Igreja mostre como se chega até ele”...

Natal

Nasce um Deus. Outros morrem. A Verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.
Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo Deus é só uma palavra.
Não procures nem creias: tudo é oculto.

Música

Para acompanhar, a beleza em forma de música.

Ouça a música no link abaixo: