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terça-feira, 6 de agosto de 2013

211 - Fernando Pessoa: Talvez que seja a brisa; Toquinho e Vinícius: Marcha da 4ª feira de cinzas

Pessoa fala em sentir e recordar-se... como Vinícius após o fim do carnaval, onde “saudades e cinzas foi o que restou”.

Fernando Pessoa

Talvez que seja a brisa 
Que ronda o fim da estrada, 
Talvez seja o silêncio, 
Talvez não seja nada…
Que coisa é que na tarde 
Me entristece sem ser? 
Sinto como se houvesse 
Um mal que acontecer.
Mas sinto o mal que vem 
Como se já passasse… 
Que coisa é que faz isto 
Sentir-se e recordar-se?


Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais
Brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas
Foi o que restou
Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando
Cantigas de amor
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida
Feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza
Dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando
Seu canto de paz
Seu canto de paz

domingo, 4 de agosto de 2013

210 - Pablo Neruda - Talvez não ser; Celtic Woman – Over the rainbow

Neruda fala sobre ser... será que isso acontece além do arco-íris? Essa música já tinha sido postada tocada por Keith Jarret, mas a versão a capela dessas meninas é de arrepiar.

Pablo Neruda

Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando o meio-dia com uma flor azul,
sem que caminhes mais tarde pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão,
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém soube que crescia como a origem rubra da rosa,
sem que sejas enfim, sem que viesses brusca, incitante
Conhecer minha vida, rajada de roseira. Trigo do vento,
E desde então, sou porque TU ÉS
E desde então ÉS SOU e SOMOS...
E por amor... SEREI, SERÁS, SEREMOS.


Somewhere over the rainbow,
Way up high
There's a land that I heard of once,
In a lullaby.
Somewhere over the rainbow,
Skies are blue.
And the dreams that you dare to dream
Really do come true.
Someday I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far behind me...
Where troubles melt like lemon drops,
Way above the chimney tops,
That's where you'll find me...
Somewhere...
Over the rainbow
Bluebirds fly,
Birds fly over the rainbow
Why oh why can't I?

Além do Arco-íris

Em algum lugar além do arco-íris
Bem lá encima
Tem uma terra, que eu ouvi falar uma vez
Numa canção de ninar
Em algum lugar além do arco-íris
O céu é azul
E o sonhos que você ousa sonhar
Se realizam mesmo.
Um dia eu vou pedir a uma estrela
E acordar onde as nuvens estão distantes atrás de mim...
Onde problemas tem gosto de bala de limão
Acima das chaminés
É onde você irá me encontrar
Em algum lugar
Além do arco-íris
Pássaros azuis voam
Pássaros voam além do arco-íris

Então por que eu não posso?

sábado, 3 de agosto de 2013

209 - Fernando Pessoa: Na noite que me desconhece; Beethoven – Sonata ao luar

Pessoa sonha com a lua ainda por haver, e pergunta ao coração: que queres? Para ajudar a refletir, a Sonata ao luar de Beethoven.

Fernando Pessoa

Na noite que me desconhece
O luar vago, transparece
Da lua ainda por haver.
Sonho. Não sei o que me esquece,
Nem sei o que prefiro ser.
Hora intermédia entre o que passa,
Que névoa incógnita esvoaça
Entre o que sinto e o que sou?
A brisa alheiamente abraça.
Durmo. Não sei quem é que estou.
Dói-me tudo por não ser nada.
Da grande noite embainhada
Ninguém tira a conclusão.
Coração, queres? Tudo enfada
Antes só sintas, coração.


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

208 - Lorca - Narciso; Titãs – Por que eu sei que é amor

Lorca procura a si mesmo no menino Narciso... busca que tem sentido porque sabe que é amor...

Lorca - Narciso

Menino,
Vais cair no rio!

No fundo há uma rosa,
e na rosa há outro rio,

Olha aquele pássaro! Olha
aquele pássaro amarelo!

Cairam-me os olhos
dentro dágua.

Deus meu!
Ele escorrega! Menino!

... e na rosa estou eu mesmo.

Quando se perdeu na água
compreendi. Mas não explico.


Porque eu sei que é amor
Eu não peço nada em troca
Porque eu sei que é amor
Eu não peço nenhuma prova
Mesmo que você não esteja aqui
O amor está aqui
Agora
Mesmo que você tenha que partir
O amor não há de ir
Embora
Eu sei que é pra sempre
Enquanto durar
Eu peço somente
O que eu puder dar (2x)
Porque eu sei que é amor
Sei que cada palavra importa
Porque eu sei que é amor
Sei que só há uma resposta
Mesmo sem porquê eu te trago aqui
O amor está aqui
Comigo
Mesmo sem porquê eu te levo assim
O amor está em mim
Mais vivo
Eu sei que é pra sempre
Enquanto durar
Eu peço somente
O que eu puder dar (4x)

Porque eu sei que é amor (3x)

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

207 - Mário Quintana - Bilhete; Elis Regina – Dois pra lá, dois pra cá

Quintana pede para ser amado baixinho... no fim é sempre dois pra lá, dois pra cá.

Mário Quintana - Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...


Sentindo o frio
Em minha alma
Te convidei prá dançar
A tua voz me acalmava
São dois prá lá
Dois prá cá...
Meu coração traiçoeiro
Batia mais que o bongô
Tremia mais que as maracas
Descompassado de amor...
Minha cabeça rodando
Rodava mais que os casais
O teu perfume gardênia
E não me perguntes mais...
A tua mão no pescoço
As tuas costas macias
Por quanto tempo rondaram
As minhas noites vazias...
No dedo um falso brilhante
Brincos iguais ao colar
E a ponta de um torturante
Band-aid no calcanhar...
Eu hoje, me embriagando
De whisky com guaraná
Ouvi tua voz murmurando
São dois prá lá
Dois prá cá...
No dedo um falso brilhante
Brincos iguais ao colar
E a ponta de um torturante
Band-aid no calcanhar...

Eu hoje, me embriagando
De whisky com guaraná
Ouvi tua voz murmurando
São dois prá lá
Dois prá cá...

quarta-feira, 31 de julho de 2013

206 - Charles Bukowski: um bom poema é como uma cerveja gelada; Boca Livre: Mistérios

Bukowski Fala sobre o bom poema... mas não fala sobre como ele sai. Boca Livre fala do amor, e também de poemas... um fogo queimou dentro de mim...

Charles Bukowski

um bom poema é como uma cerveja gelada
quando você está mais a fim,
um bom poema é um sanduíche de presunto, quando você está
faminto,
um bom poema é uma arma quando
os bandidos te cercam,
um bom poema é algo que
te permite andar pelas ruas
da morte,
um bom poema pode fazer a morte
derreter feito manteiga,
um bom poema pode enquadrar a agonia e
pendurá-la na parede,
um bom poema pode fazer seu pé tocar
a China,
um bom poema pode fazer você cumprimentar
Mozart,
um bom poema permite você competir
com o diabo
e ganhar,
um bom poema pode quase tudo,
isso sem dizer que
um bom poema sabe quando
parar.


Um fogo queimou dentro de mim
Que não tem mais jeito
De se apagar
Nem mesmo com toda água do mar
Preciso aprender
Os mistérios do fogo
Prá te incendiar
Um rio passou dentro de mim
Que eu não tive jeito
De atravessar
Preciso um navio
Prá me levar
Preciso aprender
Os mistérios do rio
Prá te navegar
Vida breve
Natureza
Quem mandou, coração
Um vento bateu dentro de mim
Que eu não tive jeito
De segurar
A vida passou prá me carregar
Preciso aprender
Os mistérios do mundo
Prá te ensinar

Preciso aprender
Os mistérios do mundo
Prá te ensinar

terça-feira, 30 de julho de 2013

205 - Fernando Pessoa: O AMOR, quando se revela; Dick Farney e Claudete Soares: Minha namorada

Pessoa diz que o amor quando se revela não se sabe revelar. Vinícius e Carlinhos Lira mostram que nem sempre isso é verdade. É só olhar lemnbrar de “Se você quer ser minha namorada, Ai que linda namorada você poderia ser...”

Fernando Pessoa

O AMOR, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar, 
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...


Meu poeta eu hoje estou contente
Todo mundo de repente ficou lindo
Ficou lindo de morrer
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de que
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você
Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque

E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem de ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois