Não quero teu corpo nu
Para sobre ele passear minhas mãos,
E com línguas entrelaçadas buscarmos o prazer
Que some como a fumaça doce do incenso
Quero tua alma nua
Livre de amarras e correntes
Seu riacho percorrendo por entre as árvores
O caminho que leva à paz do meu mar
Nesse momento de encontro
Duas águas se fundem em um infinito desvanecer
Corpos e almas nus, perdidos e achados,
Pronuncio, linda, teu nome
O sol explode suas luzes
E nascem o mundo, a lua e as estrelas.
Juca Chaves: A Cúmplice
Eu
quero uma mulher que seja diferente
de todas que eu já tive, de todas tão iguais.
Que seja minha amiga, amante, confidente;
A cúmplice de tudo que eu fizer a mais.
de todas que eu já tive, de todas tão iguais.
Que seja minha amiga, amante, confidente;
A cúmplice de tudo que eu fizer a mais.
No
corpo tenha o Sol, no coração a Lua,
A pele cor de sonho, as formas de maçãs,
A fina transparência, uma elegância nua,
O mágico fascínio, o cheiro das manhãs.
A pele cor de sonho, as formas de maçãs,
A fina transparência, uma elegância nua,
O mágico fascínio, o cheiro das manhãs.
Eu
quero uma mulher de coloridos modos,
Que morda os lábios sempre que for me abraçar.
No seu falar provoque o silenciar de todos
E seu silêncio obrigue a me fazer sonhar.
Que morda os lábios sempre que for me abraçar.
No seu falar provoque o silenciar de todos
E seu silêncio obrigue a me fazer sonhar.
Que saiba receber, que
saiba ser bem-vinda,
Que possa dar jeitinho a tudo que fizer,
Que ao sorrir provoque uma covinha linda;
De dia, uma menina; a noite, uma mulher.
Que possa dar jeitinho a tudo que fizer,
Que ao sorrir provoque uma covinha linda;
De dia, uma menina; a noite, uma mulher.
Ao achar a pessoa amada, Neruda discorre sobre o sentimento, a vontade
de estar com essa pessoa, sempre, a cada momento, porque a presença dela é tão
vital quanto o ar que se respira. “Não estejas longe de mim um só dia... que eu cruzarei toda
a terra perguntando se voltarás ou se me
deixarás morrendo.” Esse sentimento que Neruda coloca tão fortemente,
invade o coração dos apaixonados, mesmo quando a paixão por vezes não é
correspondida... “O amor é um convite a amar: não é preciso ser aceito para que
exista, dizia Afrânio Peixoto” É esse amor que faz tudo valer a pena. E quando
não acontece como queríamos, sonhamos... Como cantou o mestre Cartola... “Bate
outra vez, com esperanças o meu coração...” mesmo quando a esperança é irreal,
bem pequenininha... mas não é para isso que se sonha? Porque no sonho não há
limite da realidade... e lá, quem sabe ela, atendendo ao mestre, resolva que “devias
vir, para ver os meus olhos tristonhos, e quem sabes sonhavas meus sonhos, por
fim.”
Pablo Neruda
NÃO ESTEJAS longe de
mim um só dia, porque como,
porque, não sei
dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei
esperando como nas estações
quando em alguma
parte dormitaram os trens.
Não te vás por uma
hora porque então
nessa hora se juntam
as gotas do desvelo
e talvez toda a
fumaça que anda buscando casa
venha matar ainda meu
coração perdido.
Ai que não se
quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas
pálpebras na ausência:
não te vás por um
minuto, bem-amada,
porque nesse minuto
terás ido tão longe
que eu cruzarei toda
a terra perguntando
se voltarás ou se me
deixarás morrendo.
Cartola: As rosas não falam
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim
Queixo-me às rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai
Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim
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