Pessoa pede
para que o amor renove a canção... e Dick Farney fala de um novo amor
que acontece
quando não se esperava...
Fernando
Pessoa
A lembrada
canção,
Amor, renova
agora.
Na noite,
olhos fechados, tua voz
Dói-me no
coração
Por tudo
quanto chora.
Cantas ao pé
de mim, e eu estou a sós.
Não, a voz
não é tua
Que se ergue
e acorda em mim
Murmúrios de
saudade e de inconstância,
O luar não
vem da lua
Mas do meu
ser afim
Ao mito, à
mágoa, à ausência e à distância.
Não, não é
teu o canto
Que como um
astro ao fundo
Da noite
imensa do meu coração
Chama em
vão, chama tanto...
Quem sou não
sei... e o mundo?...
Renova,
amor, a antiga e vã canção.
Cantas mais
que por ti,
Tua voz é
uma ponte
Por onde
passa, inúmero, um segredo
Que nunca
recebi —
Murmúrio do
horizonte,
Água na
noite, morte que vem cedo.
Assim,
cantas sem que existas.
Ao fim do
luar pressinto
Melhores
sonhos que estes da ilusão.
Aconteceu um novo amor
Que não podia acontecer
Não era hora de amar
Agora o que vou fazer
Que não podia acontecer
Não era hora de amar
Agora o que vou fazer
Não tem solução
Esse novo amor
Um amor a mais
Me tirou a paz
Esse novo amor
Um amor a mais
Me tirou a paz
Eu que esperava nunca mais amar
Não sei o que faço
Com esse amor demais
Não sei o que faço
Com esse amor demais
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