Pablo Neruda
SUAVE é a bela como se música e
madeira,
ágata, telas, trigo, pêssegos
transparentes,
tivessem erigido a fugitiva estátua.
Para a onda dirige seu contrário
frescor.
O mar molha polidos pés copiados
à forma recém-trabalhada na areia
e é agora seu fogo feminino de rosa
uma borbulha só que o sol e o mar
combatem.
Ai, que nada te toque senão o sal do frio!
Que nem o amor destrua a primavera
intacta.
Formosa, revérbero da indelével espuma,
deixa que teus quadris imponham na água
uma medida nova de cisne ou de nenúfar
e navegue tua estátua pelo cristal
eterno.
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