Pessoa sonha com a lua ainda por haver, e pergunta ao
coração: que queres? Para ajudar a refletir, a Sonata ao luar de Beethoven.
Fernando Pessoa
Na noite que
me desconhece
O luar vago,
transparece
Da lua ainda
por haver.
Sonho. Não
sei o que me esquece,
Nem sei o
que prefiro ser.
Hora
intermédia entre o que passa,
Que névoa
incógnita esvoaça
Entre o que
sinto e o que sou?
A brisa alheiamente
abraça.
Durmo. Não
sei quem é que estou.
Dói-me tudo
por não ser nada.
Da grande
noite embainhada
Ninguém tira
a conclusão.
Coração,
queres? Tudo enfada
Antes só
sintas, coração.
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