Nesse momento de manifestações, Drummond comneta que a
verdade tem sempre dois lados. É importante percebermos isso e tentarmos
encontrar o caminho do meio... E lembrar de João Bosco e Aldir Blanc, cantados lindamente por
Elis Regina, em “O bêbado e a equilibrista”... uma letra feita no tempo da
ditadura, que além de ser intrinsicamente bela, relata um desejo de mudança.
Vale uma leitura e uma reflexão atenta.
Drummond - Verdade
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não
era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram
a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se
a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos...
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos...
A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E
nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!...
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!...
Que
sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil...
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil...
Mas
sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...
Dança
na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...
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