Fernando Pessoa
Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
Cúmplices: Mafalda Veiga
A noite vem às
vezes tão perdida
E quase nada parece bater certo
Há qualquer coisa em nos inquieta e ferida
E tudo que era fundo fica perto
E quase nada parece bater certo
Há qualquer coisa em nos inquieta e ferida
E tudo que era fundo fica perto
Nem sempre o chão
da alma é seguro
Nem sempre o tempo cura qualquer dor
E o sabor a fim do mar que vem do escuro
É tantas vezes o que resta do calor
Nem sempre o tempo cura qualquer dor
E o sabor a fim do mar que vem do escuro
É tantas vezes o que resta do calor
Se eu fosse a tua
pele
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho
Trocamos as
palavras mais escondidas
E só a noite arranca sem doer
Seremos cúmplices o resto da vida
Ou talvez só até amanhecer
E só a noite arranca sem doer
Seremos cúmplices o resto da vida
Ou talvez só até amanhecer
Fica tão fácil
entregar a alma
A quem nos traga um sopro do deserto
Olhar onde a distância nunca acalma
Esperando o que vier de peito aberto
A quem nos traga um sopro do deserto
Olhar onde a distância nunca acalma
Esperando o que vier de peito aberto
Se eu fosse a tua
pele
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho
Se eu fosse a tua pele
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho
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